estava o Sol com vontade de iluminar e fez-se ao terreno e iluminou. a roupa lavada, e depois bem torcida, que a máquina que muito bem a lavou, muito bem a torceu, pois ele eram rotações a chiar num rodopio que, calhando, um dia destes, sai-me do lugar, e chego a casa e dou-me com uma espécie de mastodonte no corredor, ligada a uma tomada exangue. pois lá foi a dita roupinha respirar o ar que se impunha, e receber os raios mais ou menos quentinhos que se distribuíam, ali, na área do terraço, à espera que zéfiro, numa dança muito lá dele, a consiga elevar em movimentos graciosos e cheios de bons resultados. mas, porque não se pode ter “sol na eira e chuva no nabal”, acontece que o número de pares de meias entrados, não corresponderam ao número dos que saíram. esta estatística, esta contagem, este censo, este numeramento, sei lá eu o que lhe hei de chamar, mais uma vez a trazer à liça um tema que parece não desaparecer do nosso quotidiano. eu, aqui feliz com o dia que se fazia sentir, e elas, as aleivosas, a quererem mostrar todo um poder demoníaco, de subjugação a um martírio que me traz de vez em quando, vontade de materializar assim:

aplacava-lhes o mau feitio, sabendo do meu cuidado para que nada lhes faltasse. ou:

dava-lhes ali uma ternurinha, numa espécie de trocadilho bem sucedido. ou

dava-lhes um recado ríspido disfarçado com uma pitadinha de humor, pois começo a fartar-me desta comédia.
segunda-feira, 23 de abril. faltam menos de 48 horas para ser feriado. que se lixem as meias.
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